terça-feira, 21 de abril de 2009

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Imbativel sentimento de uma alma calejada pela mágoa
Surripias-me um suspiro e ao mesmo tempo arrebatas os meus pés do chão
Procuro segurar-me ao mundano, quando me tentas mostrar coisas que desconheço
Ainda não estou preparado para experimentar o teu mundo
Não que não queira, sinto-me lisongeado, apenas não estou preparado.
Corremos em direcção à luz fugindo da escuridão;
Ofuscação mental que confunde a razão
Medo do desconhecido , protegidos pelo som acolhedor da voz materna
Que nos alberga em qualquer momento de aflição
Sim, as mães que enxugam as lágrimas de seus filhos esfomeados
Dão de comer do seu corpo e com os restos fazem o almoço de amanhã
Um amor incondicional que lhes é agradecido com um simples sorriso de apreço
E um sorriso é tudo o que precisam para continuar a viver
Apesar do corpo enfraquecido sentem que cumpriram o seu dever
Selva humana de lianas de membros e outras plantas; plantas-homens à beira da estrada
Sem rumo, sem vontade de mudar o seu fado
A espera de serem regados pela chuva, e que a chuva os carregue para longe
Longe do sofrimento, longe do olhar de quem julga sem saber, de quem outrora foi arbusto mas cresceu para ser árvore.
Então caminhamos agora sozinhos, com os amigos postos de parte fechados numa gaveta chamada solidão
A noite ainda é uma criança e recusa-se a crescer , quer brincar mais um pouco quer sonhar mais um bocado
Suplica por mais momentos de pura ingenuidade e criancisse , quer saborear a vida enquanto ainda tem um gosto apurado
Porque quando crescemos a amargura toma conta de nós, e o gosto das coisas deixa de ser o mesmo
Esquecemos o doce e salgamos as nossas próprias feridas como se tivessemos necessidade de sermos punidos por uma infância menos feliz.
O tempo passa mas as cicatrizes ficam, são história são vivência, relíquias, presentes envenenados que carregamos connosco para toda a vida
E com a faca cortas a carne, a história só acaba quando as cicatrizes se tornam pó, precisas de continuar a escrever o teu diário...
Com mágoa sangue , carne e palavras de esperança, salgar as feridas para que nunca te esqueças do único sentimento que conheceste..
A dor - sentimento que te engole sem piedade na tua pequenês e te cospe de volta ao mundo, agora nua.
Desprendida de afectos, e só.

1 comentário:

  1. Gostei, como sempre diferente e interessante.

    Perguntas ficam para as nossas conversas filosófico - comuns e divertidas.

    Kiss

    Miss M

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